30 de ago. de 2012

DESCOBERTAS PELO CAMINHO...

        Não é você que faz um caminho. São os seus pés. Pode observar: toda vez que você vai de um lugar para outro, por mais que queira seguir o traçado mais curto, naturalmente seus pés procuram o lugar de menor inclinação, que tenha o menor número de obstáculos ou que seja o mais bonito. Raramente obedece à lei "uma linha reta é a menor distancia entre dois pontos". Pode até ficar mais longo. É, porém, muito mais agradável.
        É assim desde que o mundo é mundo. Mulher bonita é aquela que tem as curvas certas; todas as flores têm pétalas redondinhas (não consigo imaginar uma pétala quadrada); e se até o planeta é uma esfera... os caminhos do seu jardim também não precisam ser retos e sem graça.
        Os caminhos chamados orgânicos, desprezam a matemática e as equações. São intuitivos. Quem melhor descobre os trajetos naturais do seu jardim, são as mesmas pessoas que se soltam e deixam a vida fluir. Às vezes, a gente quer se forçar a realizar alguma coisa - ficar em um trabalho chato, continuar com uma pessoa que não é mais amada -, mas não dá certo. As pequenas atitudes do cotidiano vão nos "traindo" e levando para o caminho natural dos desejos mais legítimos. Assim é também com o jardim. Se o trajeto for feito errado, logo você vai "cortar caminho" e criar uma nova trilha.
        Os melhores caminhos, além de orgânicos, são largos, feitos para que duas pessoas possam caminhar lado a lado. É uma delícia ter a pessoa certa ao seu lado, olhando na mesma direção, compartilhando sentimentos, curtindo o encantamento de uma nova flor que brotou na última noite, sentindo o perfume de um jasmim, encantando-se com o voo do beija-flor. É só deixar seus pés caminharem para descobrirem, juntos, o imenso mundo que pulsa em seu jardim.

Roberto Araújo
Revista Natureza, Ed. 295, Agosto/2012

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